Bócio: classificação, etiologia e métodos de tratamento

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Bócio é um termo geral usado para descrever anomalias da glândula tireóide, manifestadas por um aumento em seu tamanho e volume. O volume da glândula tireóide normalmente não excede 18 cm³ nas mulheres e 25 cm³ nos homens. O bócio é 4 a 5 vezes mais comum em mulheres do que em homens.

O bócio pode ser fisiológico (na puberdade, gravidez e lactação) ou patológico. O aumento fisiológico da glândula tireoide é devido a um aumento na necessidade do corpo por hormônios tireoidianos, é temporário e, como regra geral, não requer tratamento.

Modelos 3D dos diferentes tipos de bócio:

Classificação do bócio

Existem várias classificações de bócio, dependendo da etiologia, epidemiologia, anatomia, bem como das características funcionais ou morfológicas.

Por etiologia e epidemiologia

  • O aumento fisiológico é devido ao aumento da necessidade do corpo por hormônios tireoidianos (puberdade, gravidez, lactação).
  • O bócio patológico ocorre como consequência de uma doença da tireoide.
  • O bócio endêmico, revelado em uma grande população, é causado pela deficiência de iodo.
  • O bócio esporádico ocorre em regiões não endêmicas.
  • O bócio familiar (hereditário) é causado pela presença de um defeito genético na síntese do hormônio tireoidiano.

Por estrutura e função

  • Estrutura morfológica:
    • Bócio difuso: a glândula tireoide está uniformemente aumentada.
Animação 3D: bócio difuso
  • Bócio nodular: o aumento é devido a uma massa nodular solitária.
Animação 3D: bócio nodular
  • Bócio multinodular significa a presença de múltiplos (2 ou mais) nódulos.
Animação 3D: bócio multinodular
  • Função:
    • Bócio não tóxico (bócio eutireóideo): a função é normal (eutireoidismo) ou reduzida (hipotireoidismo).
    • Bócio tóxico: os níveis de hormônio tireoidiano estão elevados.
  • Anatomia:bócio simples (no pescoço) ou bócio retroesternal (localizado abaixo da incisura jugular).

Por estágio (graus de aumento)

  • Estágio 0: a glândula tireoide não está aumentada (sem bócio).
  • Estágio I: a glândula tireoide está aumentada à palpação, o contorno do pescoço não está deformado e a posição do pescoço é normal.
  • Estágio II: o aumento da glândula tireoide é detectado tanto pela palpação quanto visualmente (deformação do contorno do pescoço em relação à sua posição normal).

Etiologia e patogênese do bócio

Causas

A causa mais comum do bócio é a deficiência de iodo.

  • Deficiência de iodo: a redução da ingestão de iodo aumenta o risco de bócio.
  • Doenças da tireoide: o bócio pode resultar de lesões autoimunes, inflamatórias ou tumorais.
  • Anomalias genéticas: foram identificadas mutações nos genes NIS, tiroperoxidase, DUOX2 e outros.
  • Goitrogênicos: administração de medicamentos (lítio, amiodarona) e alimentos (repolho, sorgo).
  • Outros fatores: exposição à radiação ionizante, resistência à insulina, síndrome metabólica.

Patogênese

O bócio é uma resposta adaptativa das células foliculares da glândula tireoide a um processo que bloqueia a produção do hormônio tireoidiano.

  • Mecanismo: a deficiência de iodo leva à diminuição da produção hormonal. Em resposta, a glândula pituitária aumenta a secreção de TSH.
  • Resultado: níveis elevados de TSH levam à estimulação das células foliculares, hiperplasia tireoidiana e formação de bócio.

Apresentação clínica e sintomas do bócio

A apresentação clínica do bócio deve-se a duas síndromes: a síndrome de compressão dos órgãos e tecidos circundantes devido ao aumento do tamanho da glândula e a síndrome de disfunção endócrina. A grande maioria dos pacientes é eutireóidea e não apresenta queixas.

Síndrome de compressão

Inclui sintomas como febre persistente e sensação de nó na garganta, dificuldade em falar, disfagia, aumento da dispneia e deformação do contorno do pescoço. Como o volume da glândula tireoide geralmente aumenta lentamente, esses sintomas se desenvolvem gradualmente e os pacientes não apresentam queixas por um longo período.

Síndrome de disfunção endócrina

As manifestações clínicas são causadas pelo desenvolvimento de hipotireoidismo ou hipertireoidismo. A grande maioria dos pacientes é eutireóidea e não apresenta queixas.

  • Hipotireoidismo (bócio não tóxico): fadiga rápida, letargia, apatia, sonolência, labilidade emocional, unhas e cabelos quebradiços, pele seca, inchaço, aumento do peso corporal, diminuição da libido, menstruação irregular nas mulheres.
  • Hipertireoidismo (bócio tóxico): taquicardia, arritmias, perda de peso corporal com aumento do apetite, labilidade emocional, aumento da sudorese, tremores nas mãos.

Diagnóstico e tratamento do bócio

Métodos de diagnóstico

  1. Histórico médico

Os fatos de viver em áreas endêmicas com deficiência de iodo, exposição prévia à radiação ionizante, histórico hereditário e uso de medicamentos que afetam a função tireoidiana são importantes.

  1. Exame e palpação

Permitem avaliar o tamanho da glândula. Ao exame, os pacientes com bócio em estágio 2 apresentam um contorno cervical deformado com posição normal do pescoço, e a pele geralmente tem cor normal.

À palpação, a glândula tireoide apresenta aumento de tamanho, consistência elástica, é indolor e móvel em relação aos tecidos circundantes.

No caso de bócio nodular/multinodular, são detectadas massas únicas ou múltiplas, elásticas, indolores e de formato arredondado à palpação no tecido tireoidiano.

  1. Diagnóstico laboratorial

Determinação dos níveis de hormônios tireoidianos no soro (T3, T4, T3 livre, T4 livre, TSH, TG, TPOAb, TTHAb, TGAb).

  1. Ultrassom (USG)

É o principal método de imagem da tireoide. Permite avaliar a localização, o tamanho do órgão e a presença de patologia nodal.

O Sistema de Relatórios e Dados de Imagem da Tireoide (TI-RADS) é atualmente utilizado para avaliar massas nodais.

Classificação por ultrassom (TI-RADS)

TI-RADSRisco de malignidade, %Descrição
TI-RADS 10Sem patologia nodal
TI-RADS 20Nódulo coloidal dos tipos I, II, III
TI-RADS 3< 5Nódulos hiperecóicos, isoecóicos ou hipoecóicos com cápsula parcialmente formada (pseudonódulos de Hashimoto)
TI-RADS 4a5 – 10Nódulo sólido ou misto hiperecoico, isoeico ou hipoecoico com cápsula fina, com ou sem calcificações
TI-RADS 4b10 – 80Nódulo hipo-, iso- ou hiperecóico, com contorno irregular, sem borda clara com o parênquima normal, com presença de microcalcificações
TI-RADS 5> 80Nódulo iso ou hipoecogênico, sem cápsula, com múltiplas calcificações, com vascularização aumentada
TI-RADS 6100Nódulo maligno previamente confirmado por resultados de biópsia
  1. Visualização adicional

A tomografia computadorizada/ressonância magnética e a cintilografia são utilizadas como métodos de esclarecimento e diagnóstico funcional.

  1. Biópsia por aspiração com agulha fina (FNA)
    • É utilizado para o diagnóstico diferencial de massas nodais.
    • É realizado sob controle de ultrassom. O procedimento não requer preparação especial nem anestesia.
    • Complicações: hematoma subcutâneo, dor local, inflamação local. São raros, geralmente não requerem tratamento e desaparecem por si próprios em poucos dias.

Diagnóstico diferencial

É realizada em casos de linfoma, câncer de tireoide, adenoma da paratireoide, cisto mediano do pescoço, malformações vasculares, abscesso e linfadenopatia. O diagnóstico é feito com a ajuda de ultrassom, tomografia computadorizada, ressonância magnética e biópsia por punção aspirativa, seguida de exame citológico do material aspirado.

Tratamento e prognóstico

  • Bócio não tóxico (estágio 1): em eutireoidismo e ausência de queixas, não requer tratamento, mas está sujeito a observação anual com ultrassom obrigatório e avaliação do estado da tireoide.
  • Hipotireoidismo: é indicada terapia de reposição hormonal com levotiroxina sódica. A dose é selecionada individualmente e ajustada sob o controle dos níveis de TSH e T4 livre.
  • Bócio em estágio 2 / síndrome de compressão: geralmente requerem tratamento cirúrgico.
  • Tratamento cirúrgico: indicado para bócio nodular e multinodular (hemitiroidectomia ou tireoidectomia).
  • Complicações cirúrgicas: sangramento, infecção, danos no nervo laríngeo (disfonia, estenose), danos na glândula paratireóide (hipoparatireoidismo).
  • Prognóstico: o prognóstico em pacientes com formas difusas e nodulares de bócio é favorável.

FAQ

1. O que é bócio em palavras simples?

O bócio é um aumento do volume da tireoide acima do tamanho normal (mais de 18 cm³ nas mulheres e 25 cm³ nos homens).

2. O bócio colóide pode evoluir para câncer?

O bócio colóide é considerado um processo benigno. O risco de desenvolver câncer de tireoide em pacientes com bócio colóide é inferior a 5%.

3. Quais são os riscos da doença de Graves (DG)?

A doença de Graves (DG) é perigosa para o desenvolvimento de hipertireoidismo, que pode levar a complicações graves, incluindo distúrbios do ritmo cardíaco, insuficiência cardíaca e crise tireoidiana (tempestade tireoidiana).

4. Como tratar o bócio em mulheres se os níveis hormonais estiverem normais (eutireoidismo)?

O bócio eutireóideo em estágio 1 sem sintomas não requer tratamento, mas deve ser monitorado. Se o bócio for nodular ou causar síndrome de compressão, pode ser necessário tratamento cirúrgico.

5. O que é bócio nodular em estágio 1 e o que significa TI-RADS?

O bócio nodular em estágio 1 significa que o paciente tem uma massa nodular com um pequeno grau de aumento da glândula tireoide. De acordo com o TI-RADS, os nódulos podem ser classificados como de baixo ou alto risco de malignidade.

6. Por que o bócio é mais comum em mulheres?

O bócio é 4 a 5 vezes mais comum em mulheres do que em homens, o que se deve a fatores hormonais (gravidez, lactação), bem como a uma maior prevalência de doenças autoimunes da tireoide na população feminina.

Referências

1.

Catálogo VOKA. [Recurso eletrônico]

https://catalog.voka.io/

2.

Ahmed S Can, Rehman A. Bócio. [Internet].

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK562161/

3.

Organização Mundial de Saúde. Goitre as a determinant of the prevalence and severity of iodine deficiency disorders in populations. [Internet].

https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/133706/WHO_NMH_NHD_EPG_14.5_eng.pdf;jsessionid=42DB3B783052B6C3EB3761754A1C0A84?sequence=1

4.

Organização Mundial de Saúde. People in the WHO European Region at greater risk of iodine deficiency due to changing diets. [Internet].

https://www.who.int/europe/news/item/28-06-2024-people-in-the-who-european-region-at-greater-risk-of-iodine-deficiency-due-to-changing-diets

5.

S. V. Novosad, M. O. Rogova, N. S. Martirosyan, N. A. Petunina, “Modern prognostic models of thyroid cancer risk stratification”. Doktor.Ru, vol. 8(125), pages 52–56, 2016. [in Russian] (Новосад С. В., Рогова М. О., Мартиросян Н. С., Петунина Н. А. Современные прогностические модели стратификации риска рака щитовидной железы. Доктор.Ру. 2016;8(125):52–56).

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