Bócio: classificação, etiologia e métodos de tratamento
Dobriyan S.Oncologista cirúrgico, MD
11 min ler·Dezembro 11, 2025
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Bócio é um termo geral usado para descrever anomalias da glândula tireóide, manifestadas por um aumento em seu tamanho e volume. O volume da glândula tireóide normalmente não excede 18 cm³ nas mulheres e 25 cm³ nos homens. O bócio é 4 a 5 vezes mais comum em mulheres do que em homens.
O bócio pode ser fisiológico (na puberdade, gravidez e lactação) ou patológico. O aumento fisiológico da glândula tireoide é devido a um aumento na necessidade do corpo por hormônios tireoidianos, é temporário e, como regra geral, não requer tratamento.
Existem várias classificações de bócio, dependendo da etiologia, epidemiologia, anatomia, bem como das características funcionais ou morfológicas.
Por etiologia e epidemiologia
O aumento fisiológico é devido ao aumento da necessidade do corpo por hormônios tireoidianos (puberdade, gravidez, lactação).
O bócio patológico ocorre como consequência de uma doença da tireoide.
O bócio endêmico, revelado em uma grande população, é causado pela deficiência de iodo.
O bócio esporádico ocorre em regiões não endêmicas.
O bócio familiar (hereditário) é causado pela presença de um defeito genético na síntese do hormônio tireoidiano.
Por estrutura e função
Estrutura morfológica:
Bócio difuso: a glândula tireoide está uniformemente aumentada.
Animação 3D: bócio difuso
Bócio nodular: o aumento é devido a uma massa nodular solitária.
Animação 3D: bócio nodular
Bócio multinodular significa a presença de múltiplos (2 ou mais) nódulos.
Animação 3D: bócio multinodular
Função:
Bócio não tóxico (bócio eutireóideo): a função é normal (eutireoidismo) ou reduzida (hipotireoidismo).
Bócio tóxico: os níveis de hormônio tireoidiano estão elevados.
Anatomia:bócio simples (no pescoço) ou bócio retroesternal (localizado abaixo da incisura jugular).
Por estágio (graus de aumento)
Estágio 0: a glândula tireoide não está aumentada (sem bócio).
Estágio I: a glândula tireoide está aumentada à palpação, o contorno do pescoço não está deformado e a posição do pescoço é normal.
Estágio II: o aumento da glândula tireoide é detectado tanto pela palpação quanto visualmente (deformação do contorno do pescoço em relação à sua posição normal).
Etiologia e patogênese do bócio
Causas
A causa mais comum do bócio é a deficiência de iodo.
Deficiência de iodo: a redução da ingestão de iodo aumenta o risco de bócio.
Doenças da tireoide: o bócio pode resultar de lesões autoimunes, inflamatórias ou tumorais.
Anomalias genéticas: foram identificadas mutações nos genes NIS, tiroperoxidase, DUOX2 e outros.
Goitrogênicos: administração de medicamentos (lítio, amiodarona) e alimentos (repolho, sorgo).
Outros fatores: exposição à radiação ionizante, resistência à insulina, síndrome metabólica.
Patogênese
O bócio é uma resposta adaptativa das células foliculares da glândula tireoide a um processo que bloqueia a produção do hormônio tireoidiano.
Mecanismo: a deficiência de iodo leva à diminuição da produção hormonal. Em resposta, a glândula pituitária aumenta a secreção de TSH.
Resultado: níveis elevados de TSH levam à estimulação das células foliculares, hiperplasia tireoidiana e formação de bócio.
Apresentação clínica e sintomas do bócio
A apresentação clínica do bócio deve-se a duas síndromes: a síndrome de compressão dos órgãos e tecidos circundantes devido ao aumento do tamanho da glândula e a síndrome de disfunção endócrina. A grande maioria dos pacientes é eutireóidea e não apresenta queixas.
Síndrome de compressão
Inclui sintomas como febre persistente e sensação de nó na garganta, dificuldade em falar, disfagia, aumento da dispneia e deformação do contorno do pescoço. Como o volume da glândula tireoide geralmente aumenta lentamente, esses sintomas se desenvolvem gradualmente e os pacientes não apresentam queixas por um longo período.
Síndrome de disfunção endócrina
As manifestações clínicas são causadas pelo desenvolvimento de hipotireoidismo ou hipertireoidismo. A grande maioria dos pacientes é eutireóidea e não apresenta queixas.
Hipotireoidismo (bócio não tóxico): fadiga rápida, letargia, apatia, sonolência, labilidade emocional, unhas e cabelos quebradiços, pele seca, inchaço, aumento do peso corporal, diminuição da libido, menstruação irregular nas mulheres.
Hipertireoidismo (bócio tóxico): taquicardia, arritmias, perda de peso corporal com aumento do apetite, labilidade emocional, aumento da sudorese, tremores nas mãos.
Diagnóstico e tratamento do bócio
Métodos de diagnóstico
Histórico médico
Os fatos de viver em áreas endêmicas com deficiência de iodo, exposição prévia à radiação ionizante, histórico hereditário e uso de medicamentos que afetam a função tireoidiana são importantes.
Exame e palpação
Permitem avaliar o tamanho da glândula. Ao exame, os pacientes com bócio em estágio 2 apresentam um contorno cervical deformado com posição normal do pescoço, e a pele geralmente tem cor normal.
À palpação, a glândula tireoide apresenta aumento de tamanho, consistência elástica, é indolor e móvel em relação aos tecidos circundantes.
No caso de bócio nodular/multinodular, são detectadas massas únicas ou múltiplas, elásticas, indolores e de formato arredondado à palpação no tecido tireoidiano.
Diagnóstico laboratorial
Determinação dos níveis de hormônios tireoidianos no soro (T3, T4, T3 livre, T4 livre, TSH, TG, TPOAb, TTHAb, TGAb).
Ultrassom (USG)
É o principal método de imagem da tireoide. Permite avaliar a localização, o tamanho do órgão e a presença de patologia nodal.
O Sistema de Relatórios e Dados de Imagem da Tireoide (TI-RADS) é atualmente utilizado para avaliar massas nodais.
Classificação por ultrassom (TI-RADS)
TI-RADS
Risco de malignidade, %
Descrição
TI-RADS 1
0
Sem patologia nodal
TI-RADS 2
0
Nódulo coloidal dos tipos I, II, III
TI-RADS 3
< 5
Nódulos hiperecóicos, isoecóicos ou hipoecóicos com cápsula parcialmente formada (pseudonódulos de Hashimoto)
TI-RADS 4a
5 – 10
Nódulo sólido ou misto hiperecoico, isoeico ou hipoecoico com cápsula fina, com ou sem calcificações
TI-RADS 4b
10 – 80
Nódulo hipo-, iso- ou hiperecóico, com contorno irregular, sem borda clara com o parênquima normal, com presença de microcalcificações
TI-RADS 5
> 80
Nódulo iso ou hipoecogênico, sem cápsula, com múltiplas calcificações, com vascularização aumentada
TI-RADS 6
100
Nódulo maligno previamente confirmado por resultados de biópsia
Visualização adicional
A tomografia computadorizada/ressonância magnética e a cintilografia são utilizadas como métodos de esclarecimento e diagnóstico funcional.
Biópsia por aspiração com agulha fina (FNA)
É utilizado para o diagnóstico diferencial de massas nodais.
É realizado sob controle de ultrassom. O procedimento não requer preparação especial nem anestesia.
Complicações: hematoma subcutâneo, dor local, inflamação local. São raros, geralmente não requerem tratamento e desaparecem por si próprios em poucos dias.
Diagnóstico diferencial
É realizada em casos de linfoma, câncer de tireoide, adenoma da paratireoide, cisto mediano do pescoço, malformações vasculares, abscesso e linfadenopatia. O diagnóstico é feito com a ajuda de ultrassom, tomografia computadorizada, ressonância magnética e biópsia por punção aspirativa, seguida de exame citológico do material aspirado.
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Tratamento e prognóstico
Bócio não tóxico (estágio 1): em eutireoidismo e ausência de queixas, não requer tratamento, mas está sujeito a observação anual com ultrassom obrigatório e avaliação do estado da tireoide.
Hipotireoidismo: é indicada terapia de reposição hormonal com levotiroxina sódica. A dose é selecionada individualmente e ajustada sob o controle dos níveis de TSH e T4 livre.
Bócio em estágio 2 / síndrome de compressão: geralmente requerem tratamento cirúrgico.
Tratamento cirúrgico: indicado para bócio nodular e multinodular (hemitiroidectomia ou tireoidectomia).
Complicações cirúrgicas: sangramento, infecção, danos no nervo laríngeo (disfonia, estenose), danos na glândula paratireóide (hipoparatireoidismo).
Prognóstico: o prognóstico em pacientes com formas difusas e nodulares de bócio é favorável.
FAQ
1. O que é bócio em palavras simples?
O bócio é um aumento do volume da tireoide acima do tamanho normal (mais de 18 cm³ nas mulheres e 25 cm³ nos homens).
2. O bócio colóide pode evoluir para câncer?
O bócio colóide é considerado um processo benigno. O risco de desenvolver câncer de tireoide em pacientes com bócio colóide é inferior a 5%.
3. Quais são os riscos da doença de Graves (DG)?
A doença de Graves (DG) é perigosa para o desenvolvimento de hipertireoidismo, que pode levar a complicações graves, incluindo distúrbios do ritmo cardíaco, insuficiência cardíaca e crise tireoidiana (tempestade tireoidiana).
4. Como tratar o bócio em mulheres se os níveis hormonais estiverem normais (eutireoidismo)?
O bócio eutireóideo em estágio 1 sem sintomas não requer tratamento, mas deve ser monitorado. Se o bócio for nodular ou causar síndrome de compressão, pode ser necessário tratamento cirúrgico.
5. O que é bócio nodular em estágio 1 e o que significa TI-RADS?
O bócio nodular em estágio 1 significa que o paciente tem uma massa nodular com um pequeno grau de aumento da glândula tireoide. De acordo com o TI-RADS, os nódulos podem ser classificados como de baixo ou alto risco de malignidade.
6. Por que o bócio é mais comum em mulheres?
O bócio é 4 a 5 vezes mais comum em mulheres do que em homens, o que se deve a fatores hormonais (gravidez, lactação), bem como a uma maior prevalência de doenças autoimunes da tireoide na população feminina.
Referências
1.
Catálogo VOKA. [Recurso eletrônico]
https://catalog.voka.io/
2.
Ahmed S Can, Rehman A. Bócio. [Internet].
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK562161/
3.
Organização Mundial de Saúde. Goitre as a determinant of the prevalence and severity of iodine deficiency disorders in populations. [Internet].
S. V. Novosad, M. O. Rogova, N. S. Martirosyan, N. A. Petunina, “Modern prognostic models of thyroid cancer risk stratification”. Doktor.Ru, vol. 8(125), pages 52–56, 2016. [in Russian] (Новосад С. В., Рогова М. О., Мартиросян Н. С., Петунина Н. А. Современные прогностические модели стратификации риска рака щитовидной железы. Доктор.Ру. 2016;8(125):52–56).
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